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SC está na rota de eventos extremos frutos de mudanças climáticas, diz pesquisador

Postado em 27/07/2023 por

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Pesquisador aponta que Santa Catarina está na rota de eventos extremos causados por mudanças climáticas.

Santa Catarina foi local um episódio inédito 10 anos atrás: a neve caiu no Morro do Cambirela, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Tanto a cena registrada uma década atrás no Litoral catarinense quanto os recordes de calor em 2023 são considerados eventos extremos causados pela mudança climática, explica o geógrafo e pesquisador Lindberg Nascimento.

Segundo o pesquisador, que é especialista em desastres naturais, geografia do clima e educação geográfica para as relações étnico-raciais, atualmente, todo evento climático, extremo ou não, é consequência das alterações no clima.

Nascimento afirma que os fatos são fruto da alteração do processo natural, causado pela atividade humana. Segundo o cientista, a partir da Revolução Industrial, o mundo passou a sofrer com as consequências da atividade humana.

“Não é mais uma questão de futuro, ela tá aqui. A chuva que cai hoje já é produto da mudança climática, por mais que ela não gere um estrago, já é resultado de uma alteração”, completa.

Ondas de calor no hemisfério norte seriam ‘impossíveis’ sem mudanças climáticas, aponta estudo

Um estudo da World Weather Attribution, divulgado nesta terça-feira (25), apontou que as ondas de calor que atingiram o hemisfério norte em julho teriam sido “virtualmente impossíveis” sem os efeitos da alteração climática induzida pelos seres humanos.

Nascimento também explica que a ciência já atestou que 80% das ondas de frio e calor hoje são causados por mudanças climáticas. Em relação à chuva, fenômeno que é mais difícil de mensurar a causa, estima-se que a alteração no clima seja responsável por cerca de 15% dos episódios de precipitação.

“Ondas de frio e de calor podem ser considerados eventos extremos? Sim, porque elas indicam impacto. E nessa perspectiva, todo impacto do clima pode ser considerado um evento extremo, porque em nenhum processo climático que esses eventos ocorrem eles vão acontecer de forma habitual, sempre vão trazer algum tipo de tragédia e dano. E isso tem sido a marca fundamental de um clima mudado”, explica Nascimento.

SC está na rota de eventos extremos, fala pesquisador

Segundo Lindberg Nascimento, Santa Catarina está na rota das consequências das mudanças climáticas.

“Santa Catarina está na rota de vários processos climáticos, a gente tem eventos extremos oriundos de vários fenômenos: ciclone extratropical, tornado, neve, chuva extrema, inundação, movimento de massa”, pontua.

O pesquisador afirma que no caso do Estado, o aumento da chuva e os ciclones extratropicais devem ser os principal eventos extremos,

No caso do aumento da frequência e volume de chuva é influenciado pelo fenômeno El Niño, considerado em 2023 o mais intenso dos últimos 25 anos na costa da América do Sul.

Além disso, o cientista lembra que mudanças climáticas influenciam no aumento da temperatura do oceano Atlântico. Segundo Nascimento, esse aquecimento do oceano implica em ciclones extratropicais, como os dois que atingiram Santa Catarina nos últimos dois meses.

“Já são sinais de uma atmosfera aquecida e que podem trazer consequências especialmente para o Litoral”, fala o pesquisador.

Adaptar é a saída

O pesquisador explica que é preciso pensar na adaptação e na prevenção de eventos extremos. Nascimento ressalta que, no caso de Santa Catarina, já existem aparatos para identificação e alerta de eventos extremos antes que eles ocorram.

No entanto, ele reforça que as consequências devem ser cada vez mais frequentes e mais intensas, e destaca a importância de políticas públicas de prevenção e educação ambiental.

Segundo Nascimento, a adaptação e o foco de políticas públicas deve estar voltado aos grupos que hoje mais sofrem com a mudança climática. O pesquisador explica que no caso de ecossistemas, que estejam sofrendo danos em função de eventos extremos, é necessário pensar medidas de cuidado para que eles não sejam extintos no futuro.

“Se hoje esses ecossistemas demonstram algum tipo de alteração para extinção, para sua destruição, a gente tem que pensar que no futuro esses ecossistemas não vão mais existir, e eles são fundamentais para a garantia da vida hoje”, ressalta.

Fonte: Redação ND

Foto: Piero Ragazzi/ND

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